Relacionamentos: 5 atitudes que podem afectar a nossa autoestima

O dia dos namorados está a chegar e que melhor altura para falar deste tema?

Como alguns de vocês sabem, sou surda desde os 5 anos de idade.

Ao crescer tive muitos complexos com o meu corpo, cabelo e défice auditivo.

Não era uma adolescente com muita autoestima e isso acho que se reflectiu mais tarde nos meus relacionamentos amorosos.

Alguns destes 5 pontos que trago são os erros que eu própria cometi ao longo da minha vida ou observei noutras pessoas.

Muitos deles são cometidos por nós em fases mais precoces, nas quais estamos em autodescoberta de quem somos, da autoaceitação das nossas diferenças ou de compreender as ditas normas da sociedade em que vivemos.

Com isto não estou a dizer que se te identificares com algum deles isso signifique que tenhas uma baixa autoestima, mas são atitudes para as quais devemos estar atentas, pois se se tornarem num hábito podem vir a prejudicar-nos a longo prazo. Este artigo é para quem se identifica como mulher, especialmente para mulheres com deficiência.



(Imagem Ilustrativa)

Casal // Foto: SHVETS - Pexels



1 - Entrar num relacionamento sem ter criado uma base de autoestima


"A nossa autoestima não pode estar assente 
na exclusividade do amor e atracção do outro!"  

Tânia Graça 
(psicóloga e sexóloga)


Construir uma relação  a dois, é um processo semelhante a uma casa. Não começamos pelo telhado. É importante termos primeiro pilares, tijolos, uma estrutura base antes de colocarmos o topo. Com a autoestima é a mesma coisa.

Se entramos numa relação mais fragilizadas, não nos sentimos dignas de sermos amadas, logo temos mais risco de depender da opinião do outro. Isso pode conduzir-nos a um relacionamento abusivo ou tóxico. Não temos tantas ferramentas para nos "defendermos" ou uma capacidade autocrítica e objectiva para analisar comportamentos ou situações que afectam o nosso bem-estar. Quando temos uma baixa autoestima é mais difícil de seguir em frente, após uma relação. Até podemos ter o discernimento para saber se algo não está bem e merecemos melhor, contudo é desafiante fazê-lo sem essas bases.


2 - Aceitar estarmos numa relação com alguém, por medo não sermos aceites por mais ninguém


Parece assim meio óbvio, mas no caso de pessoas com deficiência, acho que há uma maior tendência a cometermos este deslize.

Queremos ser amadas, tal como toda a gente e ao escolhermos estar com alguém por pensar que mais ninguém vai gostar de nós, acabamos por nos rebaixarmos e contentarmos com pouco. Vivermos num ambiente capacitista, também pode contribuir para isso. E esse medo de não ser aceite, vem de há mais tempo atrás. Pode começar em casa (por exemplo, em ambientes mais protectores ou conservadores), num comportamento inconsciente da família que pensa que está ajudar e que tantas vezes é repetido, porque é assim que se faz e sempre foi isso que fizeram com eles; Quando começamos a criar as primeiras amizades, na falta de representatividade. Se temos dificuldade em "encaixar-nos" na multidão, fazer amigos, como é que vai ser com o amor? 


3 - Estar sempre com o companheiro ou desvalorizar a nossa individualidade 


Antes de sermos um casal, somos indivíduos. É importante manter os nossos próprios interesses, amizades e tempo a sós. A individualidade Ã© sexy! Ao apostarmos nela, até trazemos uma dinâmica mais interessante à relação e mostramos outras facetas nossas ao parceiro.

Permitimo-nos a nós e ao outro lado sentir saudades, ter novidades, conversas novas, por exemplo.


4 - Afastarmo-nos das pessoas do nosso círculo

Tudo bem se no início aquela pessoa é interessante e gira, só nos apetece estar com ela e conhecê-la melhor. Mas independentemente do seu encanto e amor, se nos afastarmo-nos do nosso círculo apenas por causa dela ou para estar mais tempo com ela, a longo prazo isso pode afectar-nos. Se nos isolarmos e depois essa relação acabar, pode ser mais complicado retomar o contacto com as outras pessoas ou pior... Darmo-nos conta de que o nosso círculo são só pessoas da vida do nosso ex.


(A menos que tenha uma decisão tomada por outro motivo e não queiras essa pessoa na tua vida ou simplesmente se tenham afastado por circunstâncias da vida).


5 - Permitir que o companheiro nos facilite demasiado a vida ou faça quase tudo por nós 


Uma coisa é deixar que o nosso parceiro nos ajude e apoie, quando estamos numa situação que não percebemos patavina do que o colaborador da loja diz ou queremos uma opinião. Delegar aqueles telefonemas e pedir que ele faça de intermediário. Contudo há que ter atenção se caímos na zona do conforto e ele se tornar o porta-voz da relação ou acabámos por evitar fazer certas tarefas, preferindo que seja ele a fazer ou esperar que tenha iniciativa para falar com outras pessoas em vez de nós.


Que atire a pedra quem nunca se aproveitou da sua deficiência em alguma situação ou deixou que alguém ajudasse para facilitar a vida. Neste ponto, o que está em questão é se não conseguimos mesmo fazer algo naquele momento ou se vamos pelo caminho fácil de nos encostarmos à nossa deficiência quando poderíamos conquistar mais autonomia e aumentar a confiança nas nossas capacidades. 


Fica aqui esta reflexão sobre as 5 atitudes que acho que podem afectar a nossa autoestima a longo prazo.


E tu? Já tinhas pensado sobre este assunto? 




Nota: Os exemplos que menciono no artigo, aplicam-se a pessoas com deficiência que conseguem viver de forma autónoma ou independente dentro das suas adaptações. 



Fontes e Referências:


https://www.vittude.com/blog/fala-psico/a-autoestima-interfere-no-seu-relacionamento-amoroso/

https://www.territoriodeficiente.com/2020/04/pessoas-com-deficiencia-e-o-relacionamento-abusivo.html

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